Dependência dos EUA expõe fragilidade do pescado brasileiro diante da falta de ação no mercado europeu.
- Setor Pesqueiro e Náutico
- há 5 dias
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Tarifaço dos EUA e União Europeia fechada: os dois lados da crise do pescado brasileiro
A participação da Diretora de Relações Institucionais da Abipesca, Liliam Catunda, na audiência pública da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, trouxe à tona um ponto fundamental: a urgência em compreender o peso estratégico do setor pesqueiro para o Brasil e a necessidade de respostas rápidas diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Liliam ressaltou de forma precisa que a cadeia produtiva de pescados é uma das mais impactadas pelas novas taxações, sem contar que o setor não dispõe de mercados alternativos capazes de absorver sua produção em curto prazo. O alerta dela deve ecoar como prioridade para o governo e para todos os atores envolvidos, sob pena de comprometer milhares de empregos e fragilizar ainda mais a competitividade brasileira.
Nesse mesmo contexto, a Abipesca foi convidada a participar, no âmbito da Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, da audiência pública organizada pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR). O processo, que apura supostas práticas comerciais desleais, pode agravar ainda mais as barreiras ao pescado brasileiro. A presença da Abipesca nessa discussão internacional reforça a importância de o setor estar atento e mobilizado para defender seus interesses em diferentes frentes, especialmente quando outras entidades e mais de 130 empresários brasileiros, liderados pela CNI, também atuam em missão oficial nos EUA para reverter a taxa de 50% aplicada a produtos nacionais.
Entretanto, causa estranheza perceber que, enquanto o mercado norte-americano fecha as portas com barreiras tarifárias, pouco ou quase nada se vê de esforços concretos do setor organizado em abrir de maneira efetiva o mercado europeu. A ausência de ações coordenadas nesse sentido reforça a impressão de que seguimos reféns de um único destino comercial, quando a diversificação deveria estar no centro da estratégia de qualquer cadeia produtiva que se pretende forte e sustentável. Hoje, a União Europeia permanece fechada para o pescado brasileiro, justamente pela falta de articulação necessária para viabilizar esse acesso.
O pronunciamento de Liliam, portanto, não deve ser apenas registrado: precisa ser transformado em ponto de partida para uma mobilização mais ampla. É hora de cobrar do governo medidas emergenciais, mas também de exigir do setor pesqueiro maior visão estratégica, ampliando horizontes e buscando novas frentes de inserção internacional, como a União Europeia, que ainda segue inacessível ao Brasil.

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