"Embrulhar peixe ou enrolar o leitor?" Folha admite falha em reportagem; MAPA permanece omisso
- Setor Pesqueiro e Náutico

- 6 de ago.
- 3 min de leitura
Jornalismo ou ativismo? Folha revê conteúdo sobre cação após alerta de sua própria ouvidoria

A jornalista Alexandra Moraes, ombudsman da Folha de S. Paulo, publicou neste domingo a nota intitulada "Embrulhar peixe ou enrolar o leitor?", em que reconhece as falhas do jornal ao republicar uma reportagem alarmista sobre o consumo de cação no Brasil.
Receita referente ao prato da imagem acima "CAÇÃO COM LEGUMES"
Rende 5 porções
Ingredientes
3 colheres (sopa) de Azeite de Oliva
2 cebolas pequenas cortadas em rodelas (200 g)
5 postas pequenas de cação/tubarão (700 g)
2 tomates médios, em rodelas (300 g)
1 pimentão vermelho pequeno, cortado em rodelas (100 g)
2 colheres (sopa) de Molho Shoyu
Meia xícara (chá) de leite de coco (100 ml)
3 colheres (sopa) de manteiga sem sal
4 xícaras (chá) de buquês de brócolis-ninja, cozido “al dente” (400 g)
4 dentes de alho cortados em lâminas
2 batatas médias cortadas em rodelas espessas, cozidas “al dente” (400 g)
1 colher (sopa) de salsa picada
Modo de preparo
Faça o peixe: em uma panela média, aqueça 2 colheres (sopa) do Azeite em fogo alto, junte a cebola e refogue por 3 minutos, ou até murchar. Acomode o cação, o tomate e o pimentão. , regue com o Molho Shoyu e o leite de coco, tampe e deixe cozinhar em fogo baixo por 15 minutos, ou até que o peixe esteja cozido.
Enquanto isso, prepare os legumes: em uma frigideira grande, coloque 1 colher (sopa) da manteiga e o Azeite restante, e leve ao fogo alto para aquecer. Junte o alho e frite por 2 minutos, ou até dourar. Acrescente os brócolis, misture delicadamente e retire do fogo.
Na mesma frigideira, derreta a manteiga restante em fogo alto, adicione a batata, e refogue por 4 minutos, ou até dourar. Volte os brócolis à frigideira, misture e retire do fogo.
Retire o peixe do fogo, polvilhe com a salsa e sirva em seguida, acompanhado dos brócolis e da batata.
O alerta sobre riscos à saúde e ao meio ambiente partiu de uma ONG e de um site abertamente ativista, cuja reportagem foi reproduzida pela Folha sem a devida checagem das fontes originais, sem ouvir os setores envolvidos e sem rigor técnico.
O erro, como apontou a própria ombudsman, não está em debater temas ambientais – o problema foi o jornal ter aberto espaço editorial a um conteúdo de viés militante, travestido de reportagem, sem oferecer ao leitor a segurança de que os dados foram verificados.
Como destacou Alexandra Moraes: "O site se descreve como uma agência de notícias sobre conservação e ciência ambiental sem fins lucrativos. O site publica o que bem entender, é claro, e tem sua própria linha editorial. O problema é quando a Folha se dispõe a reproduzir um conteúdo que borra as fronteiras entre jornalismo e ativismo."
Após críticas recebidas de entidades como ABIPESCA, PESCA BR e SINDIPI, que emitiram notas de repúdio, a Folha reconheceu a necessidade de apurar melhor as informações e corrigiu a matéria.
Link para matéria Folha de São Paulo
MAPA silencia diante de ataque à fiscalização sanitária
Causa desconforto e preocupação a ausência de um pronunciamento oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária (MAPA), órgão diretamente atingido pela dúvida lançada sobre seus processos de fiscalização sanitária. O silêncio do MAPA diante de um ataque à credibilidade de seus sistemas de controle expõe não só o setor produtivo, mas principalmente o consumidor, que merece uma resposta clara das autoridades competentes.
Mais grave ainda é o precedente aberto: ao se calar sobre a fiscalização do cação, o Ministério fragiliza a confiança pública não apenas nesse produto, mas em toda a cadeia de alimentos de origem animal fiscalizados por seus técnicos. Carnes, pescados, laticínios e outros produtos passam a ser colocados sob suspeita, abrindo espaço para que novas ondas de desinformação atinjam outros setores da agroindústria nacional, deixando seus profissionais na berlinda sem o respaldo institucional que merecem.
Entretanto, o episódio serve de alerta: mesmo grandes veículos precisam reforçar critérios de isenção e checagem, sobretudo quando abrem espaço a grupos de pressão que possuem interesses próprios e abordagem parcial dos fatos.
O cargo de ombudsman é independente da redação e publica colunas periódicas apontando erros, deslizes e eventuais desvios do jornal, como foi o caso da nota "Embrulhar peixe ou enrolar o leitor?" escrita por Alexandra Moraes.
O jornalismo deve informar, não alarmar. A credibilidade se mantém no compromisso com a apuração rigorosa, e não na pressa de amplificar agendas de ativistas.
O consumo de cação no Brasil é seguro, regulamentado pelas autoridades sanitárias e ambientais, e segue padrões de controle rigorosos desde a captura até a comercialização. Trata-se de um produto saudável, rico em proteínas e nutrientes, amplamente utilizado na alimentação escolar e em programas de segurança alimentar. A desinformação prejudica o consumidor ao espalhar medo infundado sobre um alimento tradicional e de alta qualidade.
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