Além do Vietnã querer exportar sua Tilápia para o Brasil, que em um primeiro momento até parece ser um bom negócio para as industrias, pois colocariam o produto no mercado com um preço menor e a indústria, ganhariam em torno de 04 Reais a mais, por quilo.
Deixando claro que, essa "vantagem" só acontece porque o governo vietnamita subsidia a produção no país com inúmeras desonerações fiscais e subsídios para rações, fármacos e mais...
Agora, é o Equador, segundo maior produtor mundial de camarão, que quer colocar no mercado brasileiro seu camarão.
O Equador tem uma superprodução represada, o motivo? O fechamento do mercado europeu para a carcinicultura equatoriana, quanto aquele mercado constatou vírus na produção de camarão, então com excessivos estoques, oferecem para o Brasil, este camarão com preço abaixo do custo de produção aqui em terras tupiniquins.
O problema
Tanto para a produção de Tilápia ou a do camarão brasileiro , já se estabeleceu uma cadeia produtiva saudável com investimentos, com sanidade adequada e a grande maioria dos produtores são de pequeno ou médio porte, que não sobreviveriam a uma importação sem controle, se isso ocorre, extinguiríamos a produção nacional e ficaríamos nas mãos da produção de outros países, colocando em risco, até mesmo a segurança alimentar nacional e jogaríamos fora, todo o investimento já realizado.
Tilápia
Com relação a Tílápia temos hoje 169 empresas vietnamitas, habilitadas para esta exportação, basta a indústria nacional solicitar a seu registro de rótulo e sua LI ( licença de importação) que o contêiner chega rapidinho no porto.
Porque não fizeram antes, então?
Fizeram, o Vietnam sempre exportou para o Brasil, foi o segundo maior exportador, com US$ 66 milhões no acumulado de 2023, tudo com regras e paridade econômica e fiscal, e sendo a importação do Vietnam composta unicamente por pangasius, o Panga, que não tem representatividade na produção nacional. O que não é o caso da Tilápia.
Importações brasileiras da piscicultura por espécie, 1º, 2º e 3º trimestres de 2023 (em US$ mil).
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Vamos então, as exportações Brasileiras!
A pauta de exportação de produtos de tilápia foi liderada pelos filés frescos, que totalizaram US$ 4,4 milhões e apresentaram crescimento de 365% em valor no 3º trimestre. A retomada das exportações de filés frescos reafirma o posicionamento desse produto no mercado norte-americano, onde sua qualidade já é reconhecida pelos importadores.
A tilápia inteira congelada foi a segunda categoria mais exportada com US$ 1,2 milhão, porém com queda de -43% no trimestre. Destaca-se também o importante crescimento dos embarques de tilápia inteira fresca, no total de US$ 121 mil e aumento de 1.094%.
Com todos estes dados, fica claro que não se tem necessidade de importação, a menos que o motivo seja lucro.
Coisa que não é crime, afinal só se estabelece um negocio para se aferir lucro.
Exportações brasileiras de tilápia, por estados, 3º trimestre de 2023 (em US$).
Vamos ao camarão equatoriano
A importação do camarão equatoriano, segue na mesma linha, com um agravante, de trazermos doenças para a carcinicultura nacional, que a duras penas mantem a sanidade e qualidade de seu produto.
EUA e México já fecharam suas portas ao camarão do Equador
Só por este motivo, já deveria ser descartada a hipótese de se importar, por melhor que fosse o preço ou o negócio.
Esta importação ameaça a carcinicultura nacional, que gera emprego e renda A cadeia produtiva do camarão no Brasil, principalmente no nordeste, no estado do Ceará, representa negócios da ordem de R$ 6 bilhões, gerando cerca de 130 mil empregos diretos e indiretos.
O Estado do Ceará foi o maior produtor nacional, com 61,3 mil toneladas, 54,1% do total produzido no País. Na sequência, vieram Rio Grande do Norte, com 25,2 mil toneladas (22,2%), e Paraíba com 7,2 mil toneladas (6,4%).
Outro aspecto que chama atenção é o potencial de distribuição de renda do setor, cuja abrangência geográfica nos últimos 10 anos teve um acréscimo de 181%, passando de 21 municípios em 2011 para 59 em 2021 e vem crescendo.
Toda essa cadeia produtiva brasileira, com todos os empregos gerados, principalmente no Ceará, está ameaçada de colapsar pela importação deste camarão, abaixo do custo de produção e industrialização, vindo do Equador.
Em condições normais de mercado, o Brasil tem uma produção com custos competitivos com o Equador, a questão atual é o dumping, venda abaixo do custo de produção, em função da superoferta.
O tema foi tratado na “Aquaexpo”, maior evento da carcinicultura do Equador.
Na abertura do evento em Guayaquil, o vice-ministro da Aquicultura e Pesca do Equador, Santana Júnior, falou que estavam avançadas as tratativas de exportação do camarão para o Brasil.
As entidades representativas do setor nacional, estão com um problema bastante sério nas mãos, de um lado as Trading querendo, e tendo o direto de importar, e do outro a preservação de um setor produtivo que precisa ser cuidado, pois não podemos esquecer que desonerações fiscais, subsídios para a produção em outros países podem ser retirados a qualquer momento deixando o setor como um todo a mercê de governos e acertos estrangeiros.
Quem conhece o mercado sabe que as Industrias, apesar de também importarem, sempre deram e darão preferência a produção primária nacional, por vários motivos, como: estabilidade no fornecimento, estabilidade cambial, fortalecimento político, qualidade sanitária melhor, diluição de custos fixos da cadeia de logística (leva peixe congelado e traz camarão fresco do nordeste por exemplo).
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