O contato entre o homem e as baleias Jubarte tem aumentado a cada ano em águas nacionais e a edição de 2021 – que começou antes do previsto – promete ser umas das numerosas.
É o que afirma Júlio Cardoso, conselheiro do Instituto Baleia Jubarte – (IBJ) e pesquisador de cetáceos do Projeto Baleia à Vista. Segundo ele, no litoral brasileiro, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, o avistamento de baleias Jubarte vem acontecendo mais cedo a cada ano porque o número de indivíduos cresceu.
“O primeiro avistamento este ano aconteceu dia 8 de abril, aqui mesmo em São Sebastião. Elas estão vindo em grande quantidade, já que este ano o início da migração aconteceu antes do previsto”, afirma Cardoso. Ele lembra de relatos de amigos e biólogos na Argentina que falam de avistamento da baleia no início de abril. Cardoso trabalha há 17 anos com monitoramento de cetáceos junto à bióloga e fotógrafa Arlaine Francisco.
Júlio explica que a Jubarte é uma espécie migratória, que passa os verões nas águas frias em áreas temperadas ou polares e que se reproduz em climas tropicais ou subtropicais. “Elas percorrem distâncias de mais de 25.000 km ao ano, geralmente em grupos de duas a três”, detalha.
Números
“Estima–se que a população de Baleias Jubarte no Atlântico Sul, antes da caça e da pesca industrial girava em torno de 30 a 40 mil indivíduos. Nunca existiu ou foi possível uma contagem precisa. Com a ameaça de extinção, foi proibida a caça em 1986. De lá para cá o número cresceu, estima-se que temos hoje 20 mil baleias jubartes só no Atlântico Sul”, afirma Júlio Cardoso.
“Elas estão ficando”
Nessa experiência de avistar e estudar baleias tudo gira em torno de fenômenos ainda não muito claros e cientificamente pouco exatos, explica Júlio. “Elas estão passando e ficando um pouco mais, dois a três dias”, celebra o pesquisador, que tem base em Ilhabela, litoral de São Paulo. “Tudo é muito novo; é um comportamento que exige estudos de várias décadas”, apura o técnico.
Júlio detalha que a grande quantidade de Jubartes que vêm para a costa são, em geral, indivíduos jovens. “Tem sido mais fácil observar as jovens – de dois a três anos – que chegam a ter seus nove a dez metros. Uma adulta chega a ter 16 metros de comprimento e a pesar de 30 a 40 toneladas”, quantifica.
Costeando Santa Catarina
O guia de turismo, Julio Vicente, de Imbituba (SC) também comemora a chegada das baleias jubarte. “O número de baleias jubarte está crescendo muito por todos os mares. A quantidade é tanta que elas estão costeando por Santa Catarina. Ontem entrou uma baleia no rio Itajaí-Açu”, comenta.
Segundo ele, na última semana passaram mais de 15 baleias na Costa Sul Catarinense. “Nesse momento as baleias que passam são juvenis. Jovens adolescentes em busca de aventura. As que estão prenhes, ainda estão para chegar. “Elas vem de lá (sul da América do Sul e Antártica) e viajam cinco mil quilômetros. Elas demoram cerca de três meses para chegar a uma área reprodutiva”, afirma Julio Vicente
Vicente é guia credenciado pelo Cadastur e tem capacitação em manejo de trilhas e observação orientada de cetáceos.
Diário do turismo
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