Jorge Seif Jr foi até o Oeste do Paraná para ouvir a demanda dos piscicultores da região.
Em um encontro na Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon (Acimacar) o secretário se reuniu com o prefeito, vereadores, lideranças e produtores para ouvir as demandas do setor produtivo, além de informar as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Governo Federal a respeito da piscicultura.
Ele afirma que a tilápia é a queridinha do brasileiro e, apesar de não ser uma espécie nativa, se deu muito bem, especialmente no Paraná. “Eu vim até aqui para conversar com os produtores e saber o que o Ministério da Agricultura, a partir da Secretaria de Aquicultura e Pesca, pode fazer para melhorar a questão do relacionamento do Governo Federal com o produtor brasileiro”, destacou.
De acordo com o prefeito de Marechal Cândido Rondon, Márcio Rauber, o carro-chefe do município, assim como do restante da região, é o agronegócio. “Graças a esse agro forte que temos na região conseguimos auxiliar o Governo Federal para enfrentar problemas que atingiram a economia. Temos demandas e desejos aqui na região, precisamos de segurança jurídica e financeira para a comercialização dos peixes que são produzidos aqui. Sabemos que o Governo Federal trabalha para evoluir isso”, afirmou.
Produção no Lago de Itaipu
Jorge Seif Jr. informou aos presentes que as tratativas de uma antiga demanda da região estão andando, que é a produção de tilápias no lago de Itaipu. “Somente no lago de Itaipu podemos produzir 400 mil toneladas a mais de peixes, sendo 200 mil no lado brasileiro e outras 200 mil toneladas do lado paraguaio”, diz.
O secretário explicou que problemas técnicos existiam que impossibilitava a pauta de andar, como, por exemplo, o caso da tilápia não ser um peixe nativo brasileiro e poder ser uma ameaça para aqueles que são. “Por isso desenvolvemos um trabalho junto com o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, universidades e profissionais do setor para mostrar que a tilápia é produzida na região há 50 anos e não representa nenhuma ameaça as espécies nativas. Dessa forma, toda a parte documental aqui no Brasil já está bem alinhada”, conta.
Porém, o próximo passo agora e que está gerando outro entrave é quanto aos acordos com o governo paraguaio. “Como sabem, a Itaipu é binacional, por isso precisamos de um aval por parte do governo do Paraguai para compartilharmos os recursos. Hoje precisamos que o governo paraguaio altera uma linha na constituição deles e é nessa parte que complica. Não é algo impossível de ser feito e eu tenho convicção que vamos conseguir. Mas, infelizmente, isso não acontece na velocidade que gostaríamos”, menciona.
O objetivo agora do Governo Federal, explica Seif, é mostrar ao governo paraguaio que é bom para os dois países que estas liberações sejam feitas. “Por isso estamos junto com o Ministério das Relações Exteriores nessa batalha para conseguir, além da própria ministra Tereza Cristina que está se empenhando para conseguirmos isso”, destaca.
O prefeito de Marechal Cândido Rondon, concorda com o secretário e explica: “Somente na nossa região a produção aumentaria em 25%”, diz.
Demandas da região
Na sua visita, o secretário também recebeu um ofício do Sindicato Rural apontando as principais demandas quanto a piscicultura da região. Quanto a este quesito, alguns dos pontos solicitados foi explicado pelo secretário. O primeiro deles foi quanto a taxa de licenciamento que não são padronizadas e são muito caras. “Esta é uma demanda que compete 100% ao Governo Estadual. Existe uma diferença que são os lagos da União, que nestes o Governo Federal intervém. Porém, o sistema de produção utilizado aqui na região é o de tanque escavado e por isso depende do governo estadual. Nós podemos ajudar, mas de forma mais política, conversando com o governador Ratinho e demonstrando a importância destas demandas”, diz.
Outra questão foi quanto a energia elétrica. “O presidente (Michel) Temer assinou um decreto extinguindo a energia rural o isso prejudica também os piscicultores, uma vez que muitos utilizam os aeradores. Porém, como foi um decreto presidencial, nós não podemos simplesmente revogar, precisamos que um PL seja votado para isso. Dessa forma, um PL já está em andamento. Assim, o que vocês podem fazer é cobrar de seus debutados para pautar esse PL e derrubar o decreto”, explicou.
A carga tributária na ração de peixes foi outro ponto apresentado. “Temos hoje no Brasil muitos setores de criação de proteína animal. O setor avícola já está bem consolidado no mercado nacional e tem isenção de pis/cofins. Sabemos que a ração representa 70% dos custos de produção atualmente e isso tem impactado diretamente o produtor. Por isso, alguns deputados nos procuraram para que outros setores, incluindo a piscicultura, também tenham esse benefício que hoje é ofertado somente para a avicultura. E o que nos foi informado é que esta questão entrará em discussão na Reforma Tributária que vem sendo desenvolvida pelo Ministério da Economia”, conta.
Números
Principal responsável pela cadeia da piscicultura nacional, o Paraná ampliou a liderança nacional na produção de tilápias. O volume em 2020 chegou a 166 mil toneladas, um aumento de 14% em relação a 2019, quando foram comercializadas 146.212 toneladas. O resultado é cerca de 135% superior ao obtido por São Paulo, vice-líder com 74.600 toneladas. O bom desempenho do Estado foi puxado pelo modelo cooperativista de integração. Cooperativas como Copacol e C.Vale, ambas instaladas na região Oeste, fizeram com que a piscicultura paranaense crescesse em um ritmo maior do que o restante do país.
Já nas exportações o Estado assumiu a liderança no segundo trimestre de 2021. Com faturamento de US$ 1,22 milhão de abril a junho, o Estado superou o Mato Grosso do Sul, cujas vendas internacionais somaram US$ 993,9 mil no mesmo período, e Santa Catarina, terceiro lugar, com US$ 763,37 mil.
Quanto aos subprodutos da tilápia paranaense que mais cresceram entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, o destaque ficou com o filé congelado, que passou de US$ 168 para US$ 59.563 (11,9 toneladas), crescimento de 35.354%. Já o valor das exportações da tilápia inteira congelada passou de US$ 232.380 no primeiro trimestre para US$ 512.690 no segundo (260,2 toneladas), aumento de 121%.
Quanto aos tipos de produtos da tilápia paranaense comercializados para outros países no período, 40% dizem respeito àqueles não destinados à alimentação humana; 38% correspondem às tilápias inteiras congeladas; seguido por filés frescos ou refrigerados (19%) e 3% aos filés congelados.
O volume total de carne de peixe exportado pelo Paraná no primeiro semestre atingiu 751 toneladas, representando uma alta de 201% quando comparado ao montante de 249 toneladas exportado no mesmo período de 2020, segundo a Secretaria de Agricultura e do Abastecimento. Do volume, 53% corresponde à tilápia, enquanto que o principal destino foi os EUA.
Fonte: OP Rural_Foto: Francine Trento
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