Todos os anos, duas mil toneladas são comercializadas clandestinamente, segundo Abipesca
Cerca de 2.000 toneladas de lagosta brasileira são vendidas clandestinamente no Brasil todos os anos, segundo Eduardo Lobo, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca).
Segundo Lobo, a produção clandestina representa 20% da produção anual , o que significa que uma em cada cinco lagostas é vendida ilegalmente. A indústria exporta 5 mil toneladas por ano , o que equivale a 70% da produção (em vez dos 90% apontados pelos especialistas), sendo os restantes 10% (120 a 150 toneladas por mês) comercializados legalmente no mercado interno, com nota fiscal.
Lobo acreditam que esse é o maior problema do setor e que o comércio clandestino deve ser reprimido até que o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) desenvolva um plano de manejo e estabeleça cotas anuais de captura de lagosta . A lagosta é o principal produto da pauta de exportação de pescado do Brasil, com faturamento de US$ 83,15 milhões em 2022 e US$ 117,05 milhões em 2021.
Lobo disse que a Lagosta clandestinas não é processada em uma indústrias com rastreabilidade e segurança, e é fechada fora da safra . Eles foram capturados durante um período de defeso e são menores do que o permitido. "São lagostas juvenis, que ainda não chegaram à maturidade reprodutiva. É um assassinato! Elas viram pratos e espetinhos nas barracas de praia no Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e em alguns restaurantes do país sem nenhuma ética. Se isso não ocorresse, teríamos uma cadeia sustentável e um volume muito maior", criticou o diretor da Abipesca.
"Em vez de tentar prender o pescador ilegal no mar, o Ibama deveria ir nessas barracas como as da Praia do Futuro, em Fortaleza (CE), fiscalizar esse comércio clandestino. Sabemos que do aeroporto de Fortaleza são contrabandeadas 8 toneladas por semana para abastecer o mercado clandestino de São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais", afirma Lobo Cotas Lobo afirma que a Abipesca é favorável ao estabelecimento de uma cota anual para pesca da lagosta, como reivindicam os pescadores e ONGs de proteção marinha visando evitar o colapso dos estoques.
As indústrias teriam que parar de processar o crustáceo quando fosse atingida a cota. No entanto, ressalta o dirigente, sem a fiscalização do comércio clandestino, não há garantias de que o mercado paralelo não vai receber uma sobrecota desse contrabando.
Na leitura da indústria, a redução no volume de captura da lagosta não têm ligação direta com estoques do recurso, como dizem ONGs e acadêmicos.
“Falta a esses estudos a leitura de mercado. No ano de 2022, por exemplo, a captura foi pequena, mas isso ocorreu porque a China estava importando menos, os preços não estavam atrativos e parte da frota partiu para outras pescas. Em 2020, houve chuvas intensas e grandes tempestades no Nordeste em um terço da temporada de safra. Ou seja, o que é menor é o esforço de captura e não os estoques.”
Os barcos industriais deixaram a pesca da lagosta desde os anos 1980 porque o custo operacional maior deixou de ser rentável, na visão de especialistas. Lobo afirma que a entidade não tem interesse em reivindicar a volta da pesca de lagosta por grandes embarcações por considerar que o manejo exclusivamente artesanal é importante para a sustentabilidade do recurso natural. Plano de gestão O MPA, sob o comando do ministro André de Paula, planeja iniciar, em agosto, discussões com a cadeia para a elaboração de um plano de gestão da lagosta até o final do ano que não inclua apenas o período da safra (neste ano de 1º de maio a 31 de outubro) e o tamanho mínimo permitido para pesca, que hoje é de 13 cm de cauda. “O ministro surpreende o setor pela habilidade em juntar todas as partes da cadeia. Temos uma expectativa boa para esse grupo que se forma para melhorar a gestão do recurso natural da lagosta”, diz Lobo, que ainda não recebeu convite para as reuniões.
Fonte globorural
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