Amanhã, 10 de outubro, na Casa América, em Madri, personalidades nacionais e internacionais, além de especialistas da Administração, da indústria e da comunidade científica, vão discutir o papel estratégico da frota atuneira espanhola como fornecedora global de alimentos e os marcos regulatórios que sustentam sua pesca. O evento, organizado pela Opagac (Organização dos Produtores Associados de Grandes Congeladores de Atum), será um exemplo claro de como uma indústria pesqueira pode consolidar sua liderança global com base em regras claras, inovação e responsabilidade social.
Nas palavras de Julio Morón, diretor-geral da Opagac: “Esta é uma plataforma única para reforçar a liderança da frota espanhola de atum em termos de sustentabilidade, inovação e responsabilidade social, bem como nosso compromisso em fornecer uma fonte crítica de proteínas de alta qualidade em um sistema alimentar sustentável”. Essa fala evidencia o que falta ao Brasil: um ordenamento robusto e leis claras que garantam a competitividade internacional da pesca, especialmente no segmento do atum.
Enquanto a Espanha discute abertamente os desafios de sua frota e fortalece mecanismos de certificação como os selos de Pesca Responsável do Atum (APR) da AENOR e do Marine Stewardship Council (MSC), o Brasil ainda carece de um arcabouço legal bem definido e uma gestão mais eficiente desse recurso pesqueiro. As lacunas regulatórias e a falta de uma estratégia nacional clara acabam por enfraquecer o setor pesqueiro brasileiro, limitando sua competitividade no mercado internacional e prejudicando o desenvolvimento de práticas sustentáveis de pesca.
O congresso em Madri, que contará com a presença de autoridades reguladoras, ONGs e empresas de transformação e comercialização, destaca a importância da participação de todos os setores na formulação de políticas pesqueiras. No Brasil, uma maior articulação entre governo, iniciativa privada e comunidades científicas é essencial para criar um ambiente de pesca que seja ao mesmo tempo sustentável e competitivo. A falta de clareza nas regras, especialmente em relação à pesca atuneira, gera incertezas, prejudica os produtores e compromete o potencial do país como fornecedor global de alimentos, principalmente de atum, uma espécie de alto valor comercial.
Além disso, o congresso discutirá a importância de incluir o atum na dieta do ponto de vista da saúde e do meio ambiente. No Brasil, falta um discurso consolidado sobre os benefícios desse peixe para a alimentação, além de uma campanha que promova sua inclusão na dieta nacional, o que poderia gerar maior demanda e incentivar práticas pesqueiras mais responsáveis.
O Brasil, um país com vastos recursos pesqueiros, precisa urgentemente de um ordenamento pesqueiro que garanta sustentabilidade, promova a inovação e aumente a competitividade. Sem uma estratégia nacional clara e políticas bem estruturadas, corremos o risco de perder espaço no cenário internacional, deixando de aproveitar nosso imenso potencial no setor pesqueiro.
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