Queda na produção obriga algumas empresas a retirar 100% da frota de arrasto no Pará; tendência é piorar.
O presidente do Sinpesca, Apoliano Nascimento, não é contra, mas faz restrições ao uso dos mecanismos introduzidos no setor pelo ordenamento da pesca/Fotos: Divulgação.
Além do aspecto natural, como os efeitos do fenômeno “El Niño”, o setor atribui problemas às autorizações complementares para uso provisório das embarcações no período de defeso e suas consequências.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Pesca, da Aquicultura e das Empresas Armadoras e Produtoras, Proprietárias de Embarcações de Pesca do Pará, o Sinpesca, armador Apoliano Nascimento, aponta duas causas para o abrupto declínio da produção de pescados na costa paraense, a ponto de algumas empresas terem recolhido 100% da frota de arrasto nos últimos meses.
A primeira causa, de espectro natural, tem a ver com os dramáticos efeitos do fenômeno El Niño, que, segundo o Inmet, "vem provocando secas moderadas e intensas no Norte e no Leste da Amazônia" e, também, o aquecimento das águas que chegam à foz do Amazonas. Além disso, além de mornas, o menor volume de água arrasta bem menos nutrientes do que o habitual, por conta da diminuição das chuvas.
A outra questão diz respeito ao discutível ordenamento da pesca, sobretudo quanto às polêmicas autorizações complementares para uso provisório das embarcações no período de defeso das espécies-alvo - camarão-rosa, piramutaba e peixes diversos -, que acabaram se alongando pelo ano inteiro, causando intensa sobrepesca das espécies e a retroalimentação da redução dos cardumes.
Cada um no seu metro
Apoliano deixa claro que nunca foi, nem nunca será contrário às autorizações complementares. No entanto, defende que o governo zele para que as medidas cumpram apenas o papel para o qual foram criadas, isto é, oferecer às empresas uma fonte complementar de renda no período em que precisarem para permitir a reprodução das espécies.
Defeso e preservação
Finalmente, o presidente do Sinpesca considera que os armadores não têm nenhuma ajuda do governo, esclarecendo que "se pelo menos o governo estendesse aos pescadores da pesca industrial os benefícios do pescador artesanal, ajudaria bastante para manter os defesos sem prejudicar o habitat natural, hoje invadido sem dó nem piedade.
Fonte: Coluna OLAVO DUTRA
Comentários